terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Reflexão

As vezes eu preciso me isolar
Da sociedade a dor
Sentir os reflexos dos ferimentos

Quando sento sozinha
Me remete na mente
Todos os momentos

E olho aos meus braços
Repletos de cicatrizes
Semi-curadas...

E olho para meu coração
Quase intacto
Exceto pela aquela briga...

E em meu rosto
A maquiagem borrada,
O batom marcado


E o rastro em sua cama...

Amantes

Numa noite,
sombria e calada
uniram-se em sentimento
Um estranho casal

Juntos,
suspiravam, suavam e se amavam
Com todo o fervor
De uma fogueira em chamas.

E juntos calados,
Perpetuaram seu voto de amor
lutaram juntos contra a dor e descobriram o prazer
De ver o outro sentir prazer

E abraçados dormiram
enlaçados, colados.
Cançados alvoroçados se beijaram,
e num suspiro exalado,
Se calaram...

Depoimento de um Vampiro

Aquele doce sabor, seu sangue,
Fresco
Escorria por entre meus lábios

Você, teimosa, tentava respirar
Oque me partia o coração...
Tentando buscar vida
Com as poucas forças que a restavam

Suas memórias, sentimentos, forças
Tudo
Estava agora vibrando em minhas veias cadavéricas
Olhando sua luxúria
Se extinguir em meus braços....

Cada gota de sangue,
Tem um gosto diferente
E quando a vítima se dá
Em oferenda ao Deus da morte

Seu sangue toma o sabor de um vinho antigo...

Adeus Meus Sonhos- Álvares de Azevedo

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Romance Gótico

Ah como eu adoro...
Aquele sabor de luxuria
O sabor do pecado que só você me proporciona...

Quando fugia das igrejas em altares tempestuosos de dor e alegria
Me refugiava na velha casa abandonada
E por baixo de minhas vestes santas
Tu entravas
Me tomando para si

O risco de sermos pegos...
Crucificados como hereges..
Me resultava em um desejo...

Meus frágeis lábios
Mal conseguiam comportar a rigidez de seu membro...
Eu ansiava pelo elixir do pecado

Nossos sons
Ecoavam pelos quatro cantos da sala-de-estar vazia...
Comportada apenas por meu véu branco,
Virginal, embaixo de nós...

Derrama dentro de mim...
O sabor quente do pecado
Escorria por entre minhas pernas santas...
E tu a suspirar profundo em meu pescoço
Como após uma fuga das tochas cristãs

Nenhum momento no céu...
Paga os prazeres de teu pecado e minha santidade unidos..

Em um lugar abandonado...



[Sammy-23/10/2009]